CAPS 1 Casa Azul de Mafra completa 30 anos
• Evento comemorativo contou com a participação de fundadores da Casa Azul, usuários, amigos, familiares, autoridades e servidores públicos
Considerada como segunda casa e segunda família para os usuários do Caps I Casa Azul, a instituição completou este mês 30 anos de atuação no município. Na tarde da última quinta-feira, 18 de maio (Dia Nacional de Luta Antimanicomial), foi realizado evento de comemoração do aniversário do Caps, no auditório do Sicoob. Compareceram muitos convidados como usuários, amigos, familiares, autoridades e servidores públicos.
Celebração
Para a coordenadora do Caps I, Adriana Moro, este foi um momento de comemoração, de alegria e de reflexão sobre a luta antimanicomial. “A vida de quem tinha doença mental era solitária e a pessoa não era socialmente aceita. Desde 1993, quando iniciou-se a associação Casa Azul, esse conceito foi mudando, fazendo a pessoa voltar a participar da sociedade como cidadão”, explicou. Adriana fez um agradecimento especial a todos aqueles que guardaram fotos, documentos, filmagens e demais arquivos dos últimos 30 anos de história. “Tudo corrobora para sabermos que hoje, saúde mental importa”.
Um dos fundadores da Casa Azul, o médico Cláudio Gastal, que recebeu justa homenagem na ocasião, disse que houve “uma mudança radical na forma de tratar a pessoas com deficiência intelectual, não mais com autoridade e imposição de regras e condutas”. Gastal relatou que na Casa Azul todas as decisões eram feitas em conjunto com os usuários. “A construção da Casa Azul foi um instrumento terapêutico cooperativo. Vimos a transformação profunda dos pacientes. A participação dos usuários na Casa Azul lhes deu uma perspectiva diferente da vida vegetativa que tinham antes. Foram incentivados a se sentirem como cidadãos, com poder de decisão e participação na comunidade”.
O secretário municipal de saúde, Plínio Saldanha, destacou que estando à frente da pasta há dois anos, pôde solucionar as demandas da instituição, investindo em profissionais e na infraestrutura do local. “Vocês, usuários e servidores do Caps, merecem isso e muito mais. O que vocês fazem é resignificar uma vida, pois a doença social, esta tem cura. Parabéns a todos”.
Inclusão
A vice-prefeita de Mafra, Celina Dittrich Vieira, na ocasião representando o prefeito Emerson Maas, lembrou que a política de administração da Casa Azul surgiu devido à sensibilidade das pessoas que têm humanidade no exercício de sua profissão. “Inclusão significa incluir sem limites, sem distinção de raça, credo, idade, capacidade intelectual, profissão. Essa é a sociedade que almejamos e queremos. E isso a Casa Azul faz, sem preconceitos”, declarou, enaltecendo os fundadores, que viram o outro com humanidade. “A sociedade que queremos deve ser justa, igualitária e inclusiva”. Celina lembrou ainda de parabenizar a todos que fizeram o Caps I Casa Azul o que é hoje, uma “segunda casa, uma segunda família”.
Momento festivo
Para destacar a relevância dos serviços prestados e dedicação ao Caps, foram feitas homenagens, nas quais os usuários entregaram uma lembrança àqueles que contribuíram com a saúde mental do município, que foram:
– Cláudio Gastal – fundador e primeiro psiquiatra da Casa Azul, ex-membro da Comissão Intermunicipal Rio Negro e Mafra de saúde mental;
– Denise Dallagnol – primeira enfermeira da Casa Azul, ex-membro da comissão Intermunicipal Rio Negro e Mafra de saúde mental;
– Eliz Cristine Maures Caus – enfermeira e ex-membro da Comissão Intermunicipal Rio Negro e Mafra de saúde mental;
– Heloisa Stockchneider – última presidente eleita da Associação Esperança Casa Azul;
– Reinaldo Ortmeier – último tesoureiro eleito da Associação Esperança Casa Azul;
– Rosângela Serger – colaboradora que dedica-se à instituição há 12 anos.
Todos juntos
Ao final, os usuários apresentaram duas músicas populares – voz e violão – e também uma apresentação de dança, a qual fez toda plateia participar junto. Encerrando o evento, foi deixada a seguinte reflexão, de autoria de Nise da Silveira. “O que melhora o atendimento é o contato afetivo de uma pessoa com outra. O que cura é a alegria, o que cura é a falta de preconceito. Além do mais, não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda”.
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